segunda-feira, 11 de julho de 2011

SOLAIA: VARIAÇOES SOBRE UM TEMA - POR JOSÉ EDUARDO DE LORENZO *

R        O que você acha de ser a 8ª (oitava) empresa familiar mais antiga do Mundo? Preste bem atenção: estamos falando de empresas documentadas, que nunca tiveram solução de continuidade em seus negócios desde o inicio. A japonesa Hoshi Riokam, do ramo hotelaria e alimentação, fundada no ano 718, foi a 1ª (primeira).

        Pois bem, aquele modesto oitavo lugar pertence à empresa Marchesi Antinori s.r.l., com sede à Piazza dei Antinori nº 6, em Firenze. Foi em 1.385, quando Giovani di Piero Antinori inscreveu a sua firma de produção e comércio de vinhos na Arte Fiorentina dei Vinattieri, a sociedade dos vinhateiros de Florença, na época.    

       Nesta altura lá se vão mais de seiscentos anos que os Antinori se dedicam à produção de vinhos.  São 26 gerações de historia e tradição, em que a família tem gerido diretamente a sua atividade vinícola.

       Hoje a Antinori possui diversas propriedades na Itália e no exterior, totalizando 1.900.000 hectares de terra, dos quais 1.500.000 de vinhedos, cuja produção anual soma 18.000.000 de garrafas, pouco mais ou menos. Tais números, que de fato impressionam, fizeram da Antinori um verdadeiro ícone do vinho italiano.

       Por outro lado, não se pode esquecer que a Antinori contribuiu de maneira fundamental na renovação da imagem da enologia italiana, desvinculando-a de sua fama pitoresca e pouco confiável, de poucos decênios atrás. Decisões inovadoras e corajosas, com experimentos em seus vinhedos e cantinas,

como a seleção de clones, tipos de cultivação, métodos de vinificação e envelhecimento, lhe deram a possibilidade de produzir vinhos de alta qualidade, reconhecidos em todo o mundo.   

       Alguns detalhes: foram introduzidas uvas estranhas ao território toscano, como Cabernet, Merlot, Syrah, entre outras, em uma das propriedades da Antinori, a Tenuta Tignanello, com 350 hectares, situada no coração da zona do Chianti Classico, 30 km ao sul de Firenze. Seguiram-se as experimentações, produzindo vinhos que não seguiam as regras que disciplinavam a vida tranqüila das históricas denominações de origem toscana. A proposta como era fazer vinhos avançados, rebeldes, que pretendiam representar o novo, introduzir uma abertura internacional em uma terra feita de costumes e tradições consolidadas. Estavam nascendo os “Supertoscanos”.

       Um dos mais conhecidos, senão o mais famoso destes vinhos é o Solaia, produzido pela primeira vez em 1978. Proveniente de um vinhedo de 10 hectares, da Tenuta Tignanello, sua primeira composição foi de 80% Cabernet sauvignon e 20% Cabernet franc. A partir de 1980 foi introduzida a uva local - Sangiovese - em proporção de 20%, sendo mantido esse corte até hoje, com pequenas correções, ou seja, 75%, 5% e 20%, respectivamente. O vinho não é produzido quando as safras não são consideradas boas, como ocorreu em 1.980, 1.981, 1.983, 1.984 e 1.992.
 
      A colheita das uvas ocorre em setembro/outubro, é manual, com seleção dos grãos no vinhedo; vinificação em aço inox com temperatura controlada, na média de 27ºC; fermentação malolática em barricas de carvalho, até o fim do ano; a seguir o envelhecimento por 18 meses em barricas novas de carvalho francês, sendo que diversos lotes são trabalhados separadamente; ao final é feita uma assemblage, seguida do engarrafamento, afinando por um ano antes de ir ao mercado.  Álcool de 14,5%.

       O Solaia foi à mesa da Confraria dos Malas na reunião de 16 de junho ultimo, sendo que as notas de degustação serão feitas pelo confrade Bob Marino, em seu próximo artigo

       Mas ... acautelem-se os leitores – o assunto não termina por aí...

         Os Supertoscanos vão ainda render muito...  Haja polêmica ...

         Hehehe !!!!!!!!!!

* Além de enófilo e mala; José Eduardo de Lorenzo também é médico.